Esboço de Pregação em Mateus 22:14 – “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”
Contexto imediato: Este versículo é a conclusão da parábola das bodas do rei (Mateus 22:1-14). Jesus conta sobre um rei que fez bodas para seu filho e convidou muitos, mas os convidados recusaram vir. Então o rei mandou chamar a todos — bons e maus. Um homem entrou sem a veste nupcial e foi lançado fora.
Tema delicado: A relação entre chamado e escolha é um tema que divide teólogos há séculos. Este sermão apresenta uma perspectiva que enfatiza tanto a soberania de Deus no chamado quanto a responsabilidade humana na resposta, sem entrar em debates teológicos divisivos.
Aplicação principal: O chamado de Deus é amplo e generoso, mas exige resposta. A escolha está conectada à forma como respondemos ao chamado.
Textos complementares: Mateus 22:1-13 (a parábola completa), Romanos 8:28-30, 2 Pedro 1:10, Apocalipse 17:14.
Sugestão de uso: Cultos evangelísticos, mensagens de desafio à decisão, ou séries sobre as parábolas de Jesus.
Tipo de Pregação: Textual
Jesus tinha acabado de contar uma parábola impactante.
Um rei preparou um grande banquete de casamento para seu filho. Enviou servos para chamar os convidados. Tudo estava pronto — os bois e os cevados já estavam mortos, a festa preparada. Mas os convidados não quiseram vir.
O rei insistiu. Mandou mais servos, descrevendo as delícias que os esperavam. Alguns ignoraram o convite e foram cuidar de seus próprios negócios. Outros, mais violentos, maltrataram e mataram os mensageiros.
O rei, irado, destruiu aqueles homicidas. Mas a festa não podia ficar vazia. Então ordenou aos servos: “Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes.”
Os servos saíram e trouxeram todos — maus e bons. A sala se encheu de convidados.
Mas havia um problema. O rei entrou para ver os que estavam à mesa e encontrou um homem sem a veste nupcial. Perguntou: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?” O homem emudeceu. Não tinha resposta.
O rei ordenou: “Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores.”
E então Jesus concluiu com uma frase que ecoa através dos séculos:
“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” — Mateus 22:14
Muitos chamados. Poucos escolhidos. O que significa isso? Por que a diferença entre esses dois grupos? O que determina quem será escolhido?
Vamos examinar este versículo e descobrir verdades essenciais sobre o chamado de Deus e nossa resposta a ele.
“Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” — Efésios 5:14
A primeira parte do versículo fala do chamado: “Muitos são chamados.” Este chamado é a iniciativa graciosa de Deus em direção ao homem.
Na parábola, quem toma a iniciativa é o rei. Ele prepara a festa. Ele envia os servos. Ele faz o convite. Os convidados apenas respondem — aceitando ou recusando.
Assim é com a salvação. Deus toma a iniciativa. Ele nos busca antes que o busquemos. Ele nos chama antes que o conheçamos.
“Por amor de meu servo Jacó e de Israel, meu eleito, eu te chamei pelo teu nome, pus-te o teu sobrenome, ainda que me não conhecesses.” — Isaías 45:4
Deus chama pelo nome pessoas que ainda não o conhecem. O chamado não depende de mérito humano. Depende da graça divina.
Jesus disse:
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não trouxer.” — João 6:44
O movimento inicial é sempre de Deus. Ele atrai. Ele chama. Ele convida. Ninguém se salva por iniciativa própria.
“Muitos são chamados.” Na parábola, o rei mandou convidar “todos os que encontrardes” — maus e bons. Não houve seleção prévia. Não houve discriminação. O convite foi para todos.
Isso reflete o coração de Deus:
“O qual quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.” — 1 Timóteo 2:4
Deus não deseja que ninguém se perca. O convite do evangelho é universal. “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Romanos 10:13). Não há exceção por raça, classe social, histórico de vida ou pecados cometidos.
O chamado de Deus é como a voz do rei ecoando pelas estradas e encruzilhadas: “Venham! Está tudo pronto! A festa espera por vocês!”
O chamado de Deus não é uma sugestão tímida. É um brado do Espírito Santo que penetra corações endurecidos e desperta almas adormecidas.
Paulo descreve esse poder:
“E, estando vós mortos em ofensas e pecados… Deus… nos vivificou juntamente com Cristo.” — Efésios 2:1, 4-5
Estávamos mortos. Mortos não respondem a nada. Mas o chamado de Deus tem poder de ressurreição. Ele fala e os mortos ouvem. Ele chama e os dormentes despertam.
É uma manifestação sobrenatural. O homem natural, por si só, não busca a Deus (Romanos 3:11). Mas quando Deus chama, algo acontece. Uma inquietação surge. Uma fome espiritual desperta. Uma voz interior não deixa a pessoa em paz.
Para a nossa vida: Você já sentiu esse chamado? Aquela inquietação que não passa? Aquela sensação de que algo está faltando? Pode ser Deus chamando você. Não ignore essa voz.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa.” — Apocalipse 3:20
Embora o chamado venha de Deus, a resposta é responsabilidade do homem. Na parábola, os convidados tiveram que decidir: aceitar ou recusar.
Na parábola, muitos simplesmente ignoraram o convite:
“Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio.” — Mateus 22:5
Não houve hostilidade aberta. Apenas indiferença. O convite foi ouvido e ignorado. A festa era boa, mas os negócios eram mais urgentes. O rei chamava, mas o campo precisava de atenção.
Quantas pessoas hoje fazem o mesmo? Ouvem o evangelho e dizem: “Interessante, mas agora não.” O trabalho é mais urgente. Os estudos são mais importantes. Os prazeres são mais atraentes. O chamado fica para depois.
Mas “depois” pode nunca chegar. A indiferença é uma forma de rejeição. E rejeitar o chamado tem consequências.
Outros na parábola foram além da indiferença:
“E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.” — Mateus 22:6
Não apenas ignoraram — atacaram os mensageiros. Não queriam apenas ficar em paz — queriam silenciar a voz que os chamava.
Isso também acontece hoje. Há pessoas que não apenas recusam o evangelho — o combatem. Zombam dos cristãos. Atacam a fé. Tentam calar a mensagem. A hostilidade é uma forma mais intensa de rejeição, mas a consequência é a mesma.
Mas houve um terceiro grupo. Quando os servos saíram pelas estradas e chamaram a todos, muitos vieram. Aceitaram o convite. Entraram na festa.
Essa é a resposta correta ao chamado: fé. Ouvir e atender. Reconhecer o valor do convite e aceitar.
O autor de Hebreus exorta:
“Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações.” — Hebreus 3:15
A resposta de fé não pode ser adiada indefinidamente. “Hoje” é a palavra-chave. O chamado exige resposta agora.
Para a nossa vida: Como você tem respondido ao chamado de Deus? Com indiferença, sempre deixando para depois? Com hostilidade, resistindo ativamente? Ou com fé, aceitando o convite? Sua resposta determina seu destino.
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós.” — João 15:16
A segunda parte do versículo fala da escolha: “Poucos escolhidos.” Aqui entramos em território que exige cuidado e humildade.
Jesus disse claramente: “Eu vos escolhi a vós.” A escolha final é prerrogativa divina. Deus é soberano. Ele conhece os corações. Ele sabe quem são os seus.
Paulo fala de uma cadeia dourada:
“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou… E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.” — Romanos 8:29-30
Há um plano eterno de Deus que ultrapassa nossa compreensão. Ele conhece, predestina, chama, justifica, glorifica. É obra dele do início ao fim.
Mas a parábola também mostra que a escolha está ligada à forma como respondemos ao chamado.
Na parábola, quem foram os que não entraram na festa? Os que recusaram o convite. E quem foi lançado fora mesmo depois de entrar? O que não estava com a veste nupcial — ou seja, que não se preparou adequadamente para a festa.
Pedro exorta:
“Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.” — 2 Pedro 1:10
“Procurai fazer firme vossa vocação e eleição.” Isso indica que há algo que devemos fazer. Nossa resposta importa. Nossa perseverança importa. Nossa fé importa.
O homem sem veste nupcial é uma figura importante. Na cultura da época, era costume o anfitrião fornecer vestes adequadas para os convidados. Recusar essa veste era um insulto ao rei.
A veste nupcial representa a justiça de Cristo que nos é dada pela fé. Não podemos entrar na presença de Deus com nossas próprias vestes — nossos próprios méritos. Precisamos ser revestidos com a justiça de Cristo.
“E achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo.” — Filipenses 3:9
O homem sem veste tentou entrar na festa do seu próprio jeito, com suas próprias roupas. Foi expulso. Da mesma forma, quem tenta se apresentar diante de Deus com base em suas próprias obras será rejeitado.
A salvação é pela graça, mediante a fé — não por obras. Mas essa fé se manifesta em aceitar a veste que o Rei oferece.
Para a nossa vida: Você está vestido com a justiça de Cristo ou tentando se apresentar diante de Deus com suas próprias obras? Aceite a veste que Ele oferece. Vista-se de Cristo. Esta é a única forma de ser aceito na festa.
“Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” — 2 Coríntios 6:2
O versículo de Jesus não é apenas uma observação teológica. É um alerta urgente.
A palavra “mas” indica um contraste. Há uma diferença entre ser chamado e ser escolhido. Nem todo chamado resulta em escolha.
Na parábola, muitos foram convidados. Poucos estavam presentes na festa no final. A diferença estava na resposta ao convite.
Jesus não disse “todos os chamados são escolhidos”. Disse “poucos”. É uma palavra que deveria nos fazer parar e refletir.
Por que poucos? Não porque Deus seja mesquinho. Não porque a graça seja escassa. Mas porque muitos rejeitam o chamado. Muitos preferem seus negócios, seus campos, seus prazeres. Muitos tentam entrar na festa sem a veste adequada.
O convite é amplo. A graça é abundante. Mas a resposta de fé é necessária.
A pergunta final é pessoal: você foi chamado — e o que está fazendo com esse chamado?
Se você ouviu o evangelho, você foi chamado. A questão agora é: como você está respondendo?
Deus não obriga ninguém. O amor não força. Mas também não há garantias para quem rejeita.
Pedro e os outros apóstolos serão identificados no final como “os chamados, eleitos e fiéis” (Apocalipse 17:14). Três palavras. Chamados — isso Deus fez. Eleitos — isso Deus confirmou. Fiéis — isso eles foram.
Para a nossa vida: O chamado já veio. A pergunta é: você será encontrado entre os escolhidos? A resposta depende do que você faz com o chamado hoje.
“Procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição.” — 2 Pedro 1:10
“Muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”
Este versículo nos ensina verdades importantes:
O chamado vem de Deus. Ele toma a iniciativa. Ele prepara a festa. Ele envia o convite. Ele busca o homem perdido.
O chamado é amplo. Deus quer que todos sejam salvos. O convite vai para todos — maus e bons, ricos e pobres, religiosos e ímpios.
A resposta é nossa responsabilidade. Podemos aceitar ou recusar. Podemos atender com fé ou ignorar com indiferença. Nossa resposta importa.
A escolha confirma a resposta. Quem responde com fé, vestindo-se da justiça de Cristo, será encontrado entre os escolhidos. Quem rejeita o chamado ou tenta entrar por outro caminho será deixado de fora.
Você foi chamado. O convite chegou até você. A festa está preparada. O Rei espera.
O que você vai fazer com esse chamado?
Não adie. Não ignore. Não tente entrar por outro caminho.
Aceite o convite. Vista-se de Cristo. Entre na festa.
E você será encontrado entre os escolhidos.