Estudo Bíblico em Apocalipse 2:18-29 – E ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, aquele que tem os olhos como chamas de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente: Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. Mas tenho contra ti que toleras que aquela mulher Jezabel, que se diz profetisa, ensine e seduza os meus servos a praticarem a prostituição e comerem do que foi sacrificado aos ídolos. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição, e não se arrependeu.
Tiatira era uma cidade localizada na região da Lídia, no interior da Ásia Menor (atual Turquia). Conhecida por sua atividade comercial e industrial, era famosa por suas guildas ou sindicatos artesanais — como o mencionado em Atos 16:14, onde Lídia, vendedora de púrpura, era originária dessa cidade.
Essas guildas eram associações profissionais que também tinham caráter religioso, frequentemente ligadas ao culto pagão. Assim, os cristãos enfrentavam pressão social e espiritual para participar dessas práticas idolátricas sob pena de exclusão econômica.
Embora muitos interpretes historicistas associem essa carta ao período medieval da Igreja Católica Romana (aproximadamente entre 538 d.C. e 1517 d.C., início da Reforma Protestante), devemos reconhecer que o texto tem múltiplas camadas de significado:
“E ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, aquele que tem os olhos como chamas de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente.” (Apocalipse 2:18)
Jesus se revela como o Filho de Deus, enfatizando Sua divindade e autoridade. Seus olhos como chamas de fogo denotam discernimento perfeito e julgamento justo; seus pés como latão ardente simbolizam o juízo iminente e a pureza inabalável.
O nome Tiatira pode ser traduzido como “perfume” ou “sacrifício contínuo”, o que serve como metáfora espiritual. Alguns interpretam isso como referência à repetição de rituais religiosos vazios, contrastando com o único sacrifício eficaz de Cristo na cruz (Hb 10:10-14).
No entanto, não podemos afirmar dogmaticamente que a Igreja Medieval tenha rejeitado conscientemente o sacrifício único de Cristo. Muitos cristãos sinceros viveram nesse período, mesmo sob sistemas institucionais problemáticos. Portanto, é importante distinguir entre corrupção institucional e fé pessoal dos crentes.
“Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras.” (Apocalipse 2:19)
Apesar das falhas graves que virão a seguir, Jesus elogia a igreja por:
Isso mostra que, mesmo em contextos difíceis, há espaço para crescimento espiritual.
“Mas tenho contra ti que toleras que aquela mulher Jezabel, que se diz profetisa, ensine e seduza os meus servos a praticarem a prostituição e comerem do que foi sacrificado aos ídolos.” (Apocalipse 2:20)
Jezabel é uma figura simbólica, remetendo à rainha idólatra do Antigo Testamento (1 Reis 16–21), que perseguia os profetas verdadeiros e promovia o culto a Baal.
Na carta, “Jezabel” representa:
Esta imagem também pode representar a infiltração de heresias e moralidade relaxada, especialmente quando a igreja começa a buscar aceitação cultural em detrimento da fidelidade a Cristo.
“E eis que a porei numa cama, e os que com ela cometem adultério serão postos em grande tribulação, se não se arrependerem das obras dela.” (Apocalipse 2:22)
Deus permite que haja consequências espirituais e materiais para o pecado persistente. Ele deseja que o povo se arrependa. A expressão “põe-la numa cama” sugere castigo e impotência.
“E ferirei de morte os seus filhos; e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as vossas obras.”
(Apocalipse 2:23)
Deus examina o coração e julga com justiça. Este versículo mostra que o Senhor não tolera falsa doutrina nem condutas morais contrárias à Sua vontade.
“Quanto aos demais de vós em Tiatira, aos que não têm esta doutrina, e que não aprenderam as profundezas de Satanás, como eles dizem, a vós digo eu: outra carga não vos porei.”
(Apocalipse 2:24)
Jesus reconhece os fiéis que não seguiram a doutrina de Jezabel, ou seja, que mantiveram a integridade bíblica e moral. Esses crentes não precisariam suportar cargas adicionais além daquelas necessárias para a obediência a Cristo.
“Porém o que tiver sido vencedor, e tiver guardado as minhas obras até o fim, dar-lhe-ei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, e como vasos de oleiro serão quebrados; como também eu recebi de meu Pai; e dar-lhe-ei a estrela da manhã.”
(Apocalipse 2:26-28)
As promessas aos vencedores incluem:
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 2:29)
Uma chamada universal à reflexão e à obediência. Cada igreja, em qualquer tempo, deve ouvir e aplicar essas palavras.
Não se pode afirmar que a missa católica ignora o sacrifício único de Cristo. A Igreja Católica afirma que a missa é uma memorialização e participação espiritual do único sacrifício de Cristo na cruz, e não uma repetição literal.
Chamar Maria de “quarta pessoa da Trindade” é uma caricatura teológica. A Igreja Católica jamais ensinou que Maria é parte da Trindade. Ela é venerada como mãe de Deus (Theotokos), mas sempre distinguida da própria Divindade.
A ideia de que o leigo foi proibido de ler a Bíblia não é inteiramente verdadeira historicamente. Durante boa parte da Idade Média, a maioria da população era analfabeta, tanto clero quanto leigos. A Bíblia estava em latim (Vulgata), acessível apenas a poucos.
A ideia de um “milênio terrestre” como imitação do milênio de Cristo precisa ser cuidadosamente avaliada. O milênio mencionado em Apocalipse 20 é objeto de debate teológico (pre-milenismo, amilenismo, pos-milenismo). Não devemos simplificar ou condenar visões alternativas sem compreensão adequada.
A carta a Tiatira nos alerta contra:
Ao mesmo tempo, encoraja:
A carta à igreja de Tiatira é uma mensagem de alerta e esperança. Ela nos lembra que:
Que possamos ouvir o que o Espírito diz às igrejas, e que sejamos vencedores no amor, na fé e na obediência a Cristo.