Estudo Bíblico em Efésios 6:10-18 – Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Para entendermos a profundidade desta passagem, precisamos nos transportar para a época em que ela foi escrita. O apóstolo Paulo não estava em um escritório confortável, mas provavelmente preso em Roma, talvez acorrentado a um guarda. Todos os dias, ele via a imagem do poder militar romano: o soldado. Ele observava o cinturão que dava firmeza, a couraça que protegia o peito, as sandálias firmes, o escudo imponente, o capacete e a espada mortal.
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, olhou para essa figura de poder terreno e a usou como uma perfeita ilustração para a nossa realidade espiritual. A cidade de Éfeso, para quem ele escrevia, era um centro de paganismo e ocultismo. Os cristãos de lá enfrentavam uma batalha espiritual intensa.
Assim como um soldado romano nunca iria para a batalha desprotegido, Paulo nos ensina que Deus nos forneceu uma armadura espiritual completa. Não para lutar contra pessoas (“carne e sangue”), mas contra as forças espirituais do mal. Deus nos dá a armadura, mas a responsabilidade de “vestir” cada peça é nossa. Se andarmos em desobediência, não é que perdemos a armadura, mas é como um soldado que, tendo todo o equipamento à disposição, se recusa a usá-lo, ficando vulnerável aos ataques e acusações do inimigo (Apocalipse 12:10).
Esta armadura é constituída de seis peças essenciais:
“…estando os vossos lombos cingidos com a verdade…”
Para o soldado romano, o cinto (ou cinturão) era a base da armadura. Ele segurava a túnica e servia de suporte para a espada e outras armas. Sem ele, o soldado ficaria desajeitado e vulnerável. Para nós, a Verdade é a base de tudo. Isso significa duas coisas:
A mentira é a língua nativa do nosso inimigo (João 8:44). Quando vivemos na verdade, estamos protegidos de suas acusações e ciladas, pois nossa vida está firmada na rocha.
“…e vestida a couraça da justiça…”
A couraça protegia os órgãos vitais do soldado, especialmente o coração. Em nossa batalha, o coração (nossas emoções, vontade e afeições) é um alvo constante. A Bíblia diz que nosso coração pode ser enganoso (Jeremias 17:9).
A justiça que nos protege não é a nossa própria, pois ela é falha. A couraça é a justiça de Cristo, que recebemos pela fé. Quando o inimigo nos acusa de nossos pecados e falhas, lembramos a ele e a nós mesmos que fomos justificados pelo sangue de Jesus. Essa verdade protege nosso coração da condenação, da culpa e de sentimentos que nos paralisam.
“…e calçados os pés na preparação do evangelho da paz.”
As sandálias dos soldados romanos (chamadas caligae) tinham cravos na sola para dar firmeza e estabilidade no campo de batalha. Nossos calçados espirituais nos dão firmeza por causa da paz que temos com Deus através de Jesus. Saber que estamos em paz com o Criador nos dá a segurança para não tropeçar em meio ao caos e às incertezas do mundo.
Além disso, “preparação” significa que estamos sempre prontos para levar essa mesma mensagem de paz a outros, compartilhando o Evangelho por onde andarmos.
“…tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.”
O escudo do soldado romano era grande, retangular, e podia ser mergulhado em água para apagar as flechas incendiárias do inimigo. A fé é o nosso escudo. O inimigo lança “dardos inflamados”: pensamentos de dúvida, medo, desesperança, tentação e mentiras.
O escudo da fé não é acreditar que nada de ruim vai acontecer, mas sim confiar firmemente em Deus e em Suas promessas, mesmo quando as circunstâncias dizem o contrário. A fé levanta uma barreira e declara: “Eu creio no que Deus disse, e não na mentira que o inimigo está lançando contra mim” (Hebreus 11:6).
“…tomai também o capacete da salvação…”
A cabeça é a parte mais vital a ser protegida em uma batalha, pois é o centro de comando. O capacete protege a nossa mente. O inimigo ataca nossa mente com dúvidas sobre nossa identidade e nosso futuro em Cristo. Ele sussurra: “Será que você é salvo mesmo? E se Deus te abandonar?”.
O Capacete da Salvação é a certeza e a segurança que temos em nossa salvação. É importante entender que a salvação tem um aspecto passado, presente e futuro:
O capacete é a confiança firme nesses três aspectos, que protege nossa mente do desespero e da dúvida.
“…e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.”
Todas as outras peças são de defesa. A espada é a única arma de ataque. Um soldado precisa saber manejar bem a sua espada para ser eficaz (2 Timóteo 2:15). A Palavra de Deus é a nossa arma para contra-atacar o inimigo.
Veja o exemplo de Jesus: quando foi tentado no deserto, a cada ataque de Satanás, Ele respondeu com um golpe da Espada, dizendo: “Está escrito…” (Mateus 4:1-11). Conhecer a Palavra e saber usá-la em momentos de tentação e batalha espiritual é fundamental para a vitória.
Como podemos nos revestir de tudo isso? A resposta pode ser resumida em uma Pessoa: JESUS.
Portanto, “revestir-se de toda a armadura de Deus” é, em essência, revestir-se de Cristo Jesus a cada dia. É viver em comunhão íntima com Ele, permitindo que cada aspecto do Seu caráter e da Sua obra nos proteja e nos fortaleça para vivermos em vitória.
O servo que luta na revelação vencerá – I Samuel 17:38-45
Culto de Senhoras – Mateus 25:3-4
O caminho de Deus é perfeito – Salmo 18:30