Esboço de Pregação Expositiva em Naum 3:14 – Tira águas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, entra no lodo, pisa o barro e repara o forno para os ladrilhos.
Todos nós entendemos a importância de nos prepararmos. Quando a previsão do tempo anuncia uma tempestade, nós reforçamos as janelas e estocamos água e comida. Antes de uma prova importante, nós estudamos. Preparar-se é um sinal de sabedoria.
O profeta Naum, em nosso texto de hoje, fala sobre preparação. Ele viveu cerca de 650 anos antes de Cristo, e sua mensagem era um poderoso e poético anúncio de juízo contra a cidade mais temida de sua época: Nínive, a capital do Império Assírio. Nínive era conhecida por sua crueldade, arrogância e poder militar. Eles se achavam invencíveis.
Quando lemos o versículo 14, parece que Deus está dando a eles um bom conselho de defesa: “Tira águas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, entra no lodo, pisa o barro e repara o forno para os ladrilhos.”
Mas aqui está a chave para entender a mensagem: Naum está sendo irônico. Ele está, na verdade, zombando de Nínive. É como se Deus dissesse: “Força, Nínive! Podem se preparar o quanto quiserem. Armazenem sua água, consertem suas muralhas, fabriquem mais tijolos… façam tudo isso na força de vocês. Não vai adiantar nada, porque a minha destruição é inevitável e o juízo é certo.”
Mas aqui está a lição poderosa para nós hoje: Embora as preparações de Nínive fossem inúteis por serem feitas em rebelião contra Deus, essas mesmas ações, quando feitas em dependência e submissão a Deus, se tornam um incrível manual de perseverança espiritual para a Igreja. Vamos olhar para cada um desses comandos e descobrir como aplicá-los da maneira certa em um mundo que, muitas vezes, nos “cerca” com pressões e dificuldades.
(Naum 3:14a; João 4:14)
O primeiro comando irônico para Nínive era: “Tira águas para o cerco”. Em uma tática de guerra, o inimigo cercava a cidade para cortar seu suprimento de água e comida. A preparação deles era encher cisternas com uma água que, um dia, acabaria.
Nossa preparação espiritual é radicalmente diferente. Não buscamos uma água limitada, mas nos conectamos a uma Fonte inesgotável. A “água” de que precisamos para resistir ao cerco espiritual deste mundo é a Palavra de Deus e a presença viva do Espírito Santo. Jesus prometeu: “…aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (João 4:14). Em dias difíceis, a pergunta não é se nosso estoque vai acabar, mas se estamos conectados à Fonte.
(Naum 3:14b; Efésios 6:10)
O segundo comando era: “Fortifica as tuas fortalezas”. Nínive confiava em suas muralhas gigantescas, em seu exército poderoso e em sua própria força. Suas fortalezas eram físicas e visíveis.
As nossas fortalezas, porém, são espirituais. Não confiamos em nossa inteligência, em nossa experiência ou em nossa capacidade de resistir. A nossa força vem de um lugar totalmente diferente. O apóstolo Paulo nos instrui: “…fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Efésios 6:10). Nossas “fortalezas” são a oração, o jejum, a comunhão com os irmãos, a confiança no poder do Sangue de Jesus. São as disciplinas espirituais que nos mantêm de pé quando as pressões do mundo tentam nos derrubar.
(Naum 3:14c; Jeremias 18:6)
O terceiro comando era: “Entra no lodo, pisa o barro”. Nínive deveria fazer isso em um esforço desesperado para fabricar mais tijolos e remendar as brechas em suas muralhas, um trabalho frenético para tentar se salvar.
Para nós, “entrar no barro” não é um ato de desespero, mas um chamado ao serviço. Em meio ao cerco, a Igreja não se esconde; ela trabalha. Isso nos fala sobre a missão de evangelizar e discipular. O mundo está cheio de pessoas que são como “barro endurecido” pelo pecado e pelo sofrimento. Nós, cheios da “água” da Palavra, somos chamados a nos envolver, a “sujar as mãos”, a amar e a servir, ajudando a amolecer os corações para que o Grande Oleiro, Deus, possa moldá-los segundo o Seu propósito. Como Deus disse a Israel: “…não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? …eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão…” (Jeremias 18:6).
(Naum 3:14d; Romanos 12:2)
O comando final era: “Repara o forno para os ladrilhos”. Eles precisavam preparar o forno para queimar e endurecer os novos tijolos que estavam fazendo, todos segundo o padrão deles, para construir suas defesas humanas.
Para nós, este passo fala sobre discipulado e santificação. Depois que o barro é trabalhado, ele precisa ser moldado e passar pelo fogo. O “molde” ou o padrão para a nossa vida não é o nosso, nem o da religião, nem o do mundo, mas o de Cristo. E muitas vezes, o “fogo” do forno representa as provações e dificuldades que Deus permite em nossas vidas, não para nos destruir, mas para nos purificar e nos fortalecer, nos tornando “tijolos” úteis na construção do Seu Reino. O alvo é sermos conformados à imagem do Senhor Jesus, como diz a Palavra: “…transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).
Nínive seguiu esses passos confiando em si mesma, e seu fim foi a destruição. A Igreja é chamada a realizar essas mesmas ações — buscar a Água, fortalecer-se em Deus, trabalhar o barro e ser moldada — mas com uma diferença fundamental: fazemos tudo isso em completa dependência do Senhor.
A preparação deles era para tentar, em vão, escapar do juízo de Deus. A nossa preparação é para perseverar fielmente neste mundo até o dia do nosso grande socorro, o dia em que nosso Senhor Jesus voltará para nos buscar. Portanto, que a nossa vida não seja de um desespero como o de Nínive, mas de uma santa e confiante preparação para o encontro com o nosso Rei na eternidade.
Esboço de Pregação em Naum 3:14 – Tira águas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, entra no lodo, pisa o barro e repara o forno para os ladrilhos.