É Já Hoje o Terceiro Dia: O Encontro com o Cristo Vivo
Pregação Expositiva em Lucas 24:21 – e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu.
Tipo de Pregação: Expositiva
Texto Base: Lucas 24:13-35
Versículo para memorizar: “E disse-lhes: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?” Lucas 24:25-26
Como Usar este Esboço
- Leia Lucas 24:13-35 inteiro. A narrativa tem uma progressão dramática que deve ser preservada na pregação.
- Os dois discípulos representam muitos cristãos hoje: conhecem os fatos sobre Jesus, mas não experimentaram Sua presença viva.
- O clímax está no partir do pão, quando os olhos se abriram. Prepare a congregação para esse momento.
Introdução
Era domingo à tarde. Dois homens caminhavam por uma estrada poeirenta, deixando Jerusalém para trás. Seus passos eram lentos, seus rostos abatidos. Conversavam sobre os acontecimentos dos últimos dias, tentando entender o que havia dado errado.
Eles tinham esperança. Acreditavam que Jesus de Nazaré era o Messias prometido. Viram Seus milagres. Ouviram Seus ensinos. Testemunharam Seu poder. Pensavam que Ele libertaria Israel.
Mas Jesus foi preso, condenado e crucificado. Morreu como um criminoso. Foi sepultado. E agora, tudo parecia terminado.
“Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel,” disseram com tristeza. “E hoje é já o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.”
O terceiro dia. Eles sabiam que era o terceiro dia. Mas não entendiam o significado. Não se lembravam das profecias. Não percebiam que aquele era exatamente o dia em que tudo mudaria.
Enquanto caminhavam em sua tristeza, um estranho se aproximou. E esse encontro transformaria completamente suas vidas.
Caminhando para Longe
“Naquele mesmo dia, dois deles iam para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios.” (Lucas 24:13)
Cleópas e seu companheiro estavam indo embora. Deixando Jerusalém. Afastando-se do lugar onde tudo aconteceu.
Emaús ficava a cerca de onze quilômetros de Jerusalém. Não era uma grande distância, mas era significativa. Eles estavam voltando para casa. Voltando à vida normal. Desistindo.
A decepção faz isso com as pessoas. Quando as expectativas são frustradas, o impulso natural é recuar. Afastar-se. Voltar ao que era antes.
Os discípulos esperavam um Messias político, um libertador militar. Israel estava sob domínio romano havia décadas. Eles queriam liberdade, independência, glória nacional. Jesus parecia ser a resposta.
Mas Jesus não veio para estabelecer um reino terreno. Veio para algo muito maior: redimir a humanidade do pecado e da morte. Os discípulos não entenderam isso. Estavam focados no temporal e perderam o eterno.
Quantas pessoas hoje fazem o mesmo? Esperam que Deus resolva problemas específicos, atenda pedidos particulares, cumpra expectativas pessoais. E quando as coisas não acontecem como imaginavam, se afastam. Caminham para longe. Desistem da fé.
Jesus Se Aproxima
“E aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles.” (Lucas 24:15)
Enquanto os dois discípulos caminhavam em sua tristeza, Jesus se aproximou. Ele foi até eles. Não esperou que voltassem. Foi buscá-los no caminho errado.
Que retrato do coração do Senhor! Ele não abandona os Seus quando estão confusos, decepcionados ou se afastando. Ele vai atrás. Ele se aproxima.
O texto diz que “os olhos deles estavam como que impedidos de O reconhecer.” Eles olhavam para Jesus, mas não O viam. Conversavam com Ele, mas não sabiam quem era.
Isso acontece ainda hoje. Jesus está presente, mas as pessoas não O reconhecem. Ele fala através da Sua Palavra, mas não é ouvido. Ele age, mas não é percebido. Os olhos estão impedidos – pela incredulidade, pela dor, pelas expectativas frustradas.
Jesus perguntou: “Que palavras são essas que trocais pelo caminho?”
Eles pararam, com o rosto triste. E começaram a contar tudo. A história de Jesus de Nazaré. Os milagres. A condenação. A crucificação. A decepção.
“Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel.”
Observe: eles falavam de Jesus no passado. “Era profeta poderoso.” “Esperávamos.” Para eles, a história de Jesus havia terminado. Era um capítulo encerrado. Uma esperança morta.
O Terceiro Dia
“E hoje é já o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” (Lucas 24:21)
Os discípulos sabiam contar os dias. Sexta-feira: a crucificação. Sábado: o silêncio. Domingo: o terceiro dia.
Eles até mencionaram que algumas mulheres foram ao sepulcro de madrugada e encontraram o túmulo vazio. Anjos disseram que Jesus estava vivo. Outros discípulos verificaram e confirmaram: o corpo não estava lá.
Mas eles não creram. Tinham as informações. Sabiam os fatos. Mas não conectaram os pontos. Não se lembraram das profecias.
Jesus havia dito claramente: “O Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e O condenarão à morte; e O entregarão aos gentios… e ao terceiro dia ressuscitará” (Mc 10:33-34).
O terceiro dia não era coincidência. Era cumprimento profético. Era exatamente o que Jesus havia prometido. Mas eles não estavam atentos.
Muitas pessoas hoje vivem da mesma forma. Veem os acontecimentos ao redor – guerras, fome, terremotos, sinais no céu e na terra. Comentam as notícias. Discutem os eventos. Mas não percebem que é profético. Não entendem que estamos vivendo o cumprimento da Palavra de Deus.
“É já o terceiro dia” – e muitos não se dão conta do que isso significa.
Jesus Abre as Escrituras
“E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” (Lucas 24:27)
Depois de ouvir a história, Jesus respondeu. E Sua resposta foi surpreendente.
“Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?”
Néscios. Tolos. Lentos de coração. Palavras fortes. Mas necessárias.
O problema deles não era falta de informação. Era falta de fé. Tinham as Escrituras, mas não criam nelas. Conheciam as profecias, mas não as aplicavam.
E então Jesus fez algo extraordinário. Começando por Moisés e passando por todos os profetas, explicou tudo o que as Escrituras diziam a respeito dEle.
Que aula de Bíblia! O próprio Cristo expondo as Escrituras. Mostrando como toda a história da redenção apontava para Ele. Os sacrifícios de Levítico. O cordeiro pascal. A serpente de bronze. O servo sofredor de Isaías. O Pastor ferido de Zacarias.
Tudo fazia sentido agora. A morte de Jesus não foi um acidente. Foi o plano eterno de Deus. Não foi derrota. Foi vitória. O Messias precisava sofrer antes de entrar em Sua glória.
As Escrituras estavam abertas. E os corações começaram a arder.
O Coração Ardendo
“E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:32)
Mais tarde, os discípulos se lembraram desse momento. Enquanto Jesus explicava as Escrituras, algo acontecia dentro deles. O coração ardia.
Era o Espírito Santo atuando. Era a Palavra viva penetrando. Era a fé sendo despertada.
Você já experimentou isso? Já sentiu o coração arder quando a Palavra foi pregada? Já teve aquele momento em que as Escrituras se tornaram vivas, reais, pessoais?
Esse é o sinal da presença de Cristo. Não é apenas emoção. É revelação. É o Espírito Santo abrindo os olhos da alma para enxergar verdades que antes estavam ocultas.
Os discípulos ainda não haviam reconhecido Jesus visualmente. Mas já estavam sendo transformados interiormente. A Palavra estava fazendo seu trabalho.
Fica Conosco, Pois É Tarde
“E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e já declinou o dia.” (Lucas 24:29)
Quando chegaram a Emaús, Jesus fez como quem ia mais adiante. Ele não Se impõe. Não força entrada. Espera ser convidado.
Os discípulos insistiram: “Fica conosco.” E deram a razão: “É tarde. O dia já declinou.”
De fato, o sol estava se pondo. Mas há um sentido mais profundo nessas palavras. É tarde. O tempo está passando. A oportunidade é agora.
Vivemos em dias assim. O dia está declinando. O tempo da graça não é infinito. Jesus voltará. E antes que Ele volte, há uma janela de oportunidade para que os homens O conheçam e O recebam.
“Fica conosco.” Esse é o convite que Jesus espera. Ele se aproxima. Ele caminha ao nosso lado. Ele abre as Escrituras. Mas não entra à força. Ele espera o convite.
Apocalipse 3:20 diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa.”
Jesus bateu à porta daqueles dois discípulos. E eles abriram.
Os Olhos se Abriram
“E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou, e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e O conheceram.” (Lucas 24:30-31)
Jesus entrou na casa. Sentou-se à mesa com eles. E então fez algo que havia feito tantas vezes antes: tomou o pão, abençoou, partiu e deu a eles.
Naquele momento, os olhos se abriram. Eles O reconheceram. Era Jesus! O mesmo que haviam seguido. O mesmo que viram morrer. Mas agora, vivo!
E então Ele desapareceu da vista deles. Mas não importava. Eles haviam visto. Haviam entendido. Jesus não era apenas uma figura histórica que morreu. Ele estava vivo!
Não bastava ouvir sobre Jesus. Não bastava conhecer Sua história. Não bastava sentir o coração arder. Era preciso esse momento de revelação pessoal, quando os olhos se abrem e O reconhecemos como Senhor ressurreto.
De Volta a Jerusalém
“E, levantando-se na mesma hora, voltaram para Jerusalém.” (Lucas 24:33)
Tudo mudou. Os mesmos homens que estavam fugindo de Jerusalém agora corriam de volta. A mesma hora! Não esperaram o dia seguinte. A notícia era urgente demais.
Encontraram os onze apóstolos reunidos, que disseram: “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor e já apareceu a Simão!” E os dois de Emaús contaram tudo o que havia acontecido no caminho, e como O reconheceram ao partir do pão.
O encontro com o Cristo vivo transforma a direção da vida. Quem estava fugindo agora avança. Quem estava desanimado agora está cheio de alegria. Quem pensava que tudo havia terminado descobre que tudo está apenas começando.
Conclusão
Dois discípulos caminhavam para Emaús, afastando-se de Jerusalém. Estavam tristes, decepcionados, sem esperança. Conheciam os fatos sobre Jesus, mas pensavam que tudo havia terminado. “É já o terceiro dia,” disseram, sem perceber que o terceiro dia era o dia da vitória.
Jesus Se aproximou deles. Abriu as Escrituras. Fez o coração arder. E quando partiram o pão juntos, os olhos se abriram. Eles O reconheceram. Jesus estava vivo!
Talvez você esteja caminhando para longe hoje. Decepcionado com a vida, com a igreja, talvez até com Deus. Conhece a história de Jesus, mas não experimentou Sua presença viva.
Jesus quer se aproximar de você. Ele quer abrir as Escrituras e mostrar Seu plano. Ele quer fazer seu coração arder. E Ele espera seu convite: “Fica comigo.”
É já o terceiro dia. Cristo ressuscitou. Ele está vivo. E Ele quer Se revelar a você, assim como Se revelou àqueles dois discípulos no caminho de Emaús.
Abra seu coração. Convide-O a entrar. E seus olhos também se abrirão.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Quem eram os dois discípulos no caminho de Emaús?
Um deles é identificado como Cleópas (Lc 24:18). O outro não é nomeado. Alguns especulam que poderia ser a esposa de Cleópas, ou outro discípulo. O importante é que não eram dos doze apóstolos, mostrando que Jesus apareceu também a seguidores comuns, não apenas à liderança.
2. Por que eles não reconheceram Jesus imediatamente?
O texto diz que “os olhos deles estavam como que impedidos de O reconhecer” (Lc 24:16). Isso sugere uma ação sobrenatural – Deus impediu o reconhecimento até o momento certo. Jesus queria primeiro abrir as Escrituras e preparar os corações antes de Se revelar. O reconhecimento veio no partir do pão, um ato carregado de significado.
3. O que significa o “coração arder”?
É a experiência de ser tocado profundamente pela Palavra de Deus quando ela é iluminada pelo Espírito Santo. Não é mera emoção, mas convicção espiritual. Os discípulos sentiram isso enquanto Jesus explicava as Escrituras, mesmo antes de O reconhecerem. É um sinal da presença de Cristo através da Sua Palavra.
4. Por que Jesus desapareceu assim que foi reconhecido?
Jesus não veio para ficar fisicamente com eles. Sua missão era revelar-Se como o Ressurreto e enviá-los de volta a Jerusalém com a notícia. A partida abrupta também enfatiza que a presença de Cristo agora seria através do Espírito, não da presença física. Ele estaria com eles de outra forma – sempre presente, não limitado por tempo e espaço.
5. Qual a aplicação do “terceiro dia” para nós hoje?
Os discípulos sabiam que era o terceiro dia, mas não entendiam o significado profético. Da mesma forma, muitos hoje veem os sinais dos tempos – guerras, fome, terremotos, apostasia – mas não percebem que são cumprimento profético. A aplicação é: estejamos atentos às Escrituras, não apenas aos acontecimentos. Vivemos em tempos proféticos, e Cristo está vivo e voltará.
Mais Esboço de Pregação
- Os companheiros de Paulo e Silas – Atos 16:25-26
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