A Torre de Siloé
Esboço de Pregação Expositiva em Lucas 13:1-5 – “Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.”
Como Usar este Esboço de Pregação
Contexto do texto: Lucas 13 começa com pessoas trazendo a Jesus a notícia de uma tragédia — galileus mortos por Pilatos enquanto ofereciam sacrifícios. Jesus usa essa ocasião, e acrescenta outro incidente (a queda da torre de Siloé), para ensinar sobre arrependimento e julgamento.
Questão central: A passagem confronta uma teologia popular da época (e de hoje): que tragédias são sempre castigo direto por pecados específicos. Jesus rejeita essa ideia, mas usa as tragédias para advertir: todos precisam se arrepender ou perecerão igualmente.
Tema central: O sofrimento nesta vida não é medida de pecado. Mas a morte — seja por violência, acidente ou qualquer outra causa — é um lembrete urgente de que todos precisam se arrepender antes que seja tarde demais.
Textos complementares: Romanos 3:23, Romanos 6:23, João 9:1-3, Eclesiastes 9:11-12, João 5:24, Atos 17:30-31.
Sugestão de uso: Mensagens evangelísticas, momentos de tragédias públicas, estudos sobre sofrimento e juízo, ou séries sobre os ensinos de Jesus em Lucas.
Tipo de Pregação
Pregação Expositiva
Este sermão expõe Lucas 13:1-5 versículo por versículo, explicando os dois incidentes mencionados, a resposta de Jesus, e a aplicação do chamado ao arrependimento.
Introdução
Naquele dia, algumas pessoas vieram a Jesus com uma notícia perturbadora. Galileus haviam sido mortos por ordem de Pilatos enquanto ofereciam sacrifícios no Templo. O sangue deles se misturou com o sangue dos animais que estavam sacrificando.
Era um acontecimento chocante. Homens devotos, em ato de adoração, brutalmente assassinados pelo governador romano. A notícia certamente correu por toda Jerusalém.
Mas por que trouxeram essa notícia a Jesus? O que esperavam que Ele dissesse?
Provavelmente esperavam que Jesus comentasse sobre o quanto aqueles galileus deviam ter sido pecadores para merecer tal fim. Afinal, era crença comum na época — e ainda é hoje — que tragédias são castigo divino por pecados específicos.
Jesus, porém, não respondeu como esperavam. Ele não confirmou a teologia deles. Em vez disso, fez uma pergunta que os confrontou diretamente:
“Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?” — Lucas 13:2
E então acrescentou outro incidente — a queda da torre de Siloé, que matou dezoito pessoas — para reforçar a mesma lição.
A resposta de Jesus nesse texto é uma das mais diretas e urgentes de todo o seu ministério. E ela continua falando a nós hoje com a mesma urgência.
📖 Os Dois Incidentes (v. 1, 4)
Jesus menciona duas tragédias distintas para ilustrar seu ensino.
O Massacre dos Galileus (v. 1)
“Estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.”
Não temos registros históricos detalhados desse evento fora dos Evangelhos, mas ele é consistente com o que sabemos sobre Pôncio Pilatos. O governador romano era conhecido por sua brutalidade e por provocar conflitos com os judeus.
Os galileus eram habitantes do norte de Israel, uma região chamada Galileia. Era uma área onde judeus viviam misturados com gentios, e por isso os galileus eram frequentemente vistos com certo desprezo pelos judeus da Judeia. Eram considerados menos puros, menos religiosos, mais suscetíveis a influências pagãs.
Esses galileus específicos haviam ido a Jerusalém para adorar. Estavam no Templo, oferecendo sacrifícios. E ali mesmo, no ato de adoração, foram mortos. Seu sangue se misturou com o sangue dos animais que sacrificavam.
Para a mentalidade da época, isso era duplamente chocante. Primeiro, pela brutalidade do ato. Segundo, porque levantava uma questão teológica: como Deus permitiu que homens fossem mortos enquanto O adoravam? Certamente deviam ser grandes pecadores para merecer tal fim.
A Queda da Torre de Siloé (v. 4)
“E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?”
Jesus acrescenta outro incidente que aparentemente era conhecido de todos. Uma torre no bairro de Siloé, provavelmente próxima ao famoso tanque de mesmo nome, havia desabado e matado dezoito pessoas.
Este não foi um ato de violência humana como o primeiro. Foi um acidente — algo que hoje chamaríamos de “desastre estrutural.” Ninguém planejou. Ninguém executou. A torre simplesmente caiu.
Mas a pergunta era a mesma: aquelas dezoito pessoas eram mais culpadas do que os outros habitantes de Jerusalém?
Dois Tipos de Tragédia
Jesus escolheu deliberadamente esses dois exemplos porque representam dois tipos diferentes de tragédia:
- O primeiro foi um ato de maldade humana — violência, opressão, injustiça.
- O segundo foi um acidente aparentemente aleatório — sem culpado humano direto.
Em ambos os casos, pessoas morreram. Em ambos os casos, a tendência humana era interpretar as mortes como castigo por pecados. E em ambos os casos, Jesus deu a mesma resposta.
❌ A Teologia Errada (v. 2, 4)
“Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus?” “Cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?”
O Erro de Julgar pelo Sofrimento
Havia — e ainda há — uma teologia popular que conecta diretamente sofrimento a pecado pessoal. A lógica é simples: se algo ruim aconteceu com você, é porque você fez algo para merecer.
Os amigos de Jó seguiam essa teologia. Quando viram Jó sofrendo, concluíram que ele devia ter pecado gravemente. “Quem, sendo inocente, jamais pereceu?” perguntou Elifaz (Jó 4:7).
Os discípulos de Jesus seguiam essa teologia. Quando viram um homem cego de nascença, perguntaram: “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (João 9:2).
Jesus rejeitou essa teologia em ambas as ocasiões. Ao cego, disse: “Nem ele pecou, nem seus pais” (João 9:3). Aos que comentavam sobre os galileus e a torre, disse claramente: “Não.”
Por que Essa Teologia é Perigosa
Essa teologia é perigosa por várias razões:
Primeiro, ela é falsa. A Bíblia deixa claro que o sol nasce sobre maus e bons, e a chuva cai sobre justos e injustos (Mateus 5:45). Tragédias acontecem a pessoas piedosas e ímpias igualmente. Eclesiastes observa: “O tempo e a sorte pertencem a todos” (Eclesiastes 9:11).
Segundo, ela gera falsa segurança. Se eu acredito que tragédias só acontecem com grandes pecadores, e nenhuma tragédia aconteceu comigo, então devo ser uma pessoa boa. Essa era exatamente a atitude dos que trouxeram a notícia a Jesus — eles se consideravam melhores que as vítimas.
Terceiro, ela impede o verdadeiro arrependimento. Se eu acho que estou bem porque nada de ruim me aconteceu, não vejo necessidade de me arrepender. E é exatamente aí que Jesus quer chegar.
⚠️ A Advertência de Jesus (v. 3, 5)
“Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.”
Jesus repete essa frase duas vezes — uma após cada exemplo. A repetição enfatiza a importância e a urgência da mensagem.
“Não” — A Rejeição da Teologia Popular
Jesus começa com uma negação clara. Não, aqueles galileus não eram mais pecadores que outros galileus. Não, aqueles dezoito não eram mais culpados que os outros habitantes de Jerusalém.
Sua morte não foi prova de que eram piores. E — este é o ponto crucial — a sobrevivência dos outros não era prova de que eram melhores.
“Antes” — A Verdade que Precisavam Ouvir
Jesus não para na negação. Ele diz “antes” — ou seja, “pelo contrário, ouçam o que realmente importa.”
A questão não é se aqueles que morreram eram mais pecadores. A questão é que todos são pecadores. E todos, sem arrependimento, perecerão.
“Se Não Vos Arrependerdes” — A Condição
O arrependimento é a condição. Não é opcional. Não é para alguns. É para todos.
Arrependimento (metanoia em grego) significa mudança de mente, mudança de direção. É reconhecer o pecado, abandoná-lo e voltar-se para Deus.
Paulo pregou em Atenas:
“Deus… anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo.” — Atos 17:30-31
O chamado ao arrependimento é universal. Todos pecaram (Romanos 3:23). Todos precisam se arrepender.
“Todos de Igual Modo Perecereis” — A Consequência
A consequência da falta de arrependimento é clara: perecer. A palavra grega apollumi significa destruir, arruinar, perder completamente.
Jesus não está dizendo que todos morrerão da mesma forma física — esmagados por uma torre ou mortos por um governador. Ele está dizendo que todos enfrentarão o mesmo juízo final. A forma da morte física varia, mas o destino espiritual sem arrependimento é o mesmo: perdição eterna.
💡 As Lições para nós
O que este texto nos ensina hoje?
Tragédias não são Medida de Pecado
Quando vemos desastres, acidentes, doenças ou mortes — sejam de pessoas que conhecemos ou de estranhos nas notícias — não devemos concluir que as vítimas eram mais pecadoras que nós.
É tentador pensar assim. “Aquela pessoa teve câncer porque vivia de forma errada.” “Aquele acidente aconteceu porque eles mereciam.” “Se fosse eu, Deus me protegeria porque sou fiel.”
Jesus rejeita essa lógica. A tragédia de outros não é prova de seu pecado maior, nem nossa segurança é prova de nossa justiça.
Tragédias São Lembretes de Nossa Mortalidade
Se tragédias não são castigo direto, então para que servem? Jesus as usa como lembretes de que a vida é breve e incerta.
Aqueles galileus foram ao Templo naquela manhã sem saber que não voltariam para casa. Aqueles dezoito passaram pela torre de Siloé como faziam todos os dias — até o dia em que ela caiu.
Ninguém sabe o dia de sua morte. Pode ser por violência. Pode ser por acidente. Pode ser por doença. Pode ser hoje.
A pergunta não é “por que eles morreram?” — é “estou eu preparado se morrer?”
O Problema Universal é o Pecado
Jesus desloca o foco das vítimas para os ouvintes. Em vez de discutir os pecados dos mortos, Ele confronta os pecados dos vivos.
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” — Romanos 3:23
Não há exceção. Não há graduação que divida a humanidade entre “grandes pecadores” e “pessoas boas.” Todos pecaram. Todos estão destituídos. Todos precisam de salvação.
A Única Solução é o Arrependimento
Jesus não oferece múltiplas opções. Não diz: “Sejam mais religiosos” ou “Façam mais boas obras” ou “Melhorem seu comportamento.” Ele diz: arrependei-vos.
O arrependimento é o primeiro passo da salvação. É reconhecer que estou errado e Deus está certo. É abandonar meu caminho e seguir o caminho Dele. É morrer para o pecado e viver para Deus.
E o arrependimento verdadeiro leva à fé em Jesus Cristo — aquele que foi julgado em nosso lugar, que morreu nossa morte, que tomou sobre si o castigo que merecíamos.
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” — João 5:24
Quem crê em Jesus não entrará em juízo, porque Jesus já foi julgado em seu lugar. Ele se fez pecado por nós (2 Coríntios 5:21) e tomou sobre si o juízo da morte.
Precisamos tomar sobre nós, pela fé, a morte de Jesus e morrer também para o pecado, a fim de alcançarmos a justificação e a vida eterna (Romanos 6:7).
Conclusão
“Se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.” — Lucas 13:5
A torre de Siloé caiu há dois mil anos. Mas torres continuam caindo. Tragédias continuam acontecendo. Pessoas continuam morrendo — algumas por violência, outras por acidentes, outras por doenças, outras simplesmente de velhice.
A forma da morte varia. Mas para quem morre sem arrependimento, o destino é o mesmo: perdição eterna.
Jesus não contou essa história para assustar, mas para advertir. Não para condenar, mas para salvar. Ele quer que todos se arrependam. Ele não quer que ninguém pereça.
Se você rejeitou a oferta de Deus até hoje, ouça a advertência de Jesus: se não te arrepender, de igual modo perecerás.
Se você pensa que está bem porque nada de ruim aconteceu com você, entenda: sua segurança temporária não é prova de sua justiça. É apenas mais um dia de graça que Deus está concedendo para que você se arrependa.
O juízo é um só para todos os pecadores. E só o arrependimento e a fé em Jesus podem justificá-lo diante de Deus e livrá-lo da morte eterna.
A torre pode cair a qualquer momento.
Arrependa-se hoje.




