Esboço de Pregação em Jeremias 39:15-18 – Ora, tinha vindo a Jeremias a palavra do Senhor, estando ele ainda encarcerado no átrio da guarda, dizendo: Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e cumprir-se-ão diante de ti naquele dia. A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens, a quem temes. Porque certamente te livrarei, e não cairás à espada; mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.
Pano de fundo: Esta mensagem exige conhecimento da história de Ebede-Meleque, o etíope que salvou Jeremias da cisterna. Leia Jeremias 38:1-13 (o resgate) e Jeremias 39:15-18 (a promessa).
Tema central: Deus recompensa aqueles que confiam nele e agem com coragem em favor dos seus servos, mesmo em tempos de grande perigo.
Pontos de aplicação: A fé que se traduz em ação, a proteção divina para quem confia, e a salvação da alma como maior recompensa.
Público-alvo: Pessoas que enfrentam momentos de decisão difícil, que precisam de coragem para fazer o certo, ou que estão desanimadas por parecer que ninguém vê suas boas ações.
Sugestão de uso: Cultos regulares, séries sobre personagens menos conhecidos da Bíblia, ou mensagens sobre fé em tempos de crise.
Tipo de Pregação: Textual-Biográfica
O livro de Jeremias registra um dos períodos mais difíceis da história de Israel. Eram os últimos dias do reino de Judá. O profeta Jeremias proclamava uma mensagem dura: Jerusalém seria destruída. O povo deveria se render aos babilônios. Resistir seria inútil.
Ninguém queria ouvir isso. O povo não acreditava que Deus permitiria a derrota da nação. Afinal, eram o povo escolhido. O templo estava em Jerusalém. Deus não abandonaria sua cidade. Ou abandonaria?
Jeremias insistia na mensagem, e por isso foi considerado traidor. Os príncipes de Judá pediram ao rei Zedequias que matasse o profeta. O rei, fraco e covarde, lavou as mãos:
“Eis que ele está nas vossas mãos; porque o rei nada pode fazer contra vós.” — Jeremias 38:5
Os príncipes então lançaram Jeremias numa cisterna. Não havia água, mas havia lama. O profeta afundou no lodo. Ali, sem comida, sem água, atolado na lama, ele morreria lentamente.
Foi nesse momento que surgiu um herói improvável.
Seu nome era Ebede-Meleque. Era etíope — estrangeiro. Era eunuco — marginalizado. Servia no palácio do rei, mas não tinha poder político. Não era príncipe nem sacerdote. Era apenas um servo.
Mas esse servo fez o que nenhum israelita teve coragem de fazer. Ele foi ao rei e intercedeu por Jeremias:
“Ó rei meu senhor, mal fizeram estes homens em tudo quanto fizeram ao profeta Jeremias, lançando-o na cisterna, pois morrerá de fome no lugar onde está, porque não há mais pão na cidade.” — Jeremias 38:9
O rei autorizou o resgate. Ebede-Meleque pegou trinta homens, desceu cordas na cisterna, e tirou Jeremias de lá. Teve o cuidado até de colocar trapos velhos nas cordas para não machucar as axilas do profeta.
Um ato de coragem. Um ato de compaixão. Um ato de fé.
E Deus viu.
Semanas depois, Jerusalém caiu. Os babilônios invadiram a cidade. Os príncipes que queriam matar Jeremias foram executados. O rei Zedequias teve os olhos furados e foi levado acorrentado para a Babilônia. A destruição que Jeremias havia profetizado se cumpriu.
Mas antes da invasão, Deus mandou uma mensagem especial para Ebede-Meleque:
“Vai e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que satisfarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e elas serão cumpridas diante de ti naquele dia. Mas naquele dia eu te livrarei, diz o SENHOR, e não serás entregue nas mãos dos homens, cujo rosto temes. Porque certamente te livrarei, e não cairás à espada, mas a tua alma terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o SENHOR.” — Jeremias 39:16-18
Três promessas para um homem que confiou no Senhor.
“O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.” — Salmo 34:7
A primeira promessa de Deus para Ebede-Meleque foi: “Eu te livrarei.”
Jerusalém seria destruída. Os exércitos babilônios entrariam na cidade. Haveria morte por toda parte. Fome, espada, peste — todos os horrores de uma cidade sitiada e conquistada. Ninguém estaria seguro.
Ninguém, exceto aquele que Deus prometeu proteger.
Deus vê os atos de fé, mesmo os pequenos. Ebede-Meleque não fez nada espetacular aos olhos do mundo. Ele apenas intercedeu por um profeta desprezado e ajudou a tirá-lo de um buraco. Não liderou exércitos. Não realizou milagres. Não pregou sermões.
Mas Deus viu. E Deus se lembrou.
Às vezes pensamos que nossas pequenas ações de fé não importam. Que ninguém nota. Que não fazem diferença. Mas Deus vê cada copo de água dado em nome de Jesus. Vê cada ato de bondade feito em silêncio. Vê cada vez que você escolhe fazer o certo quando ninguém está olhando.
A proteção de Deus não depende da nossa posição social. Ebede-Meleque era estrangeiro e eunuco. Na sociedade israelita, ele estava nas margens. Não tinha status. Não tinha poder. Não tinha influência política.
Mas tinha fé. E isso era suficiente.
Deus não protege apenas reis e sacerdotes. Ele protege quem confia nele, independentemente da posição que ocupa. O servo fiel recebe a mesma promessa que o profeta famoso.
O livramento pode vir de formas inesperadas. Não sabemos exatamente como Ebede-Meleque foi protegido durante a invasão. Talvez tenha escapado da cidade. Talvez tenha sido poupado pelos soldados. O texto não conta os detalhes. Mas a promessa se cumpriu: ele foi livrado.
Às vezes esperamos que Deus nos livre de uma forma específica, e ele nos livra de outra. O importante não é o método, mas o resultado. Deus prometeu livrar, e Deus cumpriu.
Para a nossa vida: Você tem feito o que é certo, mesmo quando parece que ninguém vê? Tem sido fiel nas pequenas coisas? Deus está vendo. E ele sabe proteger quem confia nele.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo.” — Salmo 23:4
A segunda promessa foi: “Não cairás à espada.”
A espada era o instrumento de morte na guerra antiga. Quando os babilônios invadissem, haveria espadas por toda parte. Soldados matando. Sangue correndo. Morte em cada esquina.
Mas Ebede-Meleque não cairia à espada. No meio do juízo, ele seria preservado.
O juízo de Deus sobre a nação não atingiu o homem fiel. Judá estava sendo punida por seus pecados. A nação havia se rebelado contra Deus por gerações. Os profetas foram ignorados. Os mandamentos foram desprezados. Agora a conta chegava.
Mas Ebede-Meleque não era parte dessa rebelião. Ele era um estrangeiro que havia demonstrado fé no Deus de Israel. E Deus fez distinção.
Isso nos lembra do Egito, quando as pragas caíram sobre a terra, mas os israelitas em Gósen foram protegidos. Nos lembra de Ló sendo tirado de Sodoma antes da destruição. Nos lembra de Noé sendo preservado no dilúvio.
Deus sabe separar o justo do ímpio. Ele sabe proteger os seus mesmo quando o juízo cai ao redor.
A espada representa todo tipo de destruição. No contexto original, era a espada literal dos soldados babilônios. Mas o princípio se aplica a outras formas de destruição também.
Há espadas financeiras que destroem famílias. Espadas de enfermidade que ameaçam a vida. Espadas de perseguição que atacam os fiéis. Espadas de tentação que procuram derrubar o cristão.
A promessa de Deus é que quem confia nele não será destruído. Pode ser ferido. Pode passar por dificuldades. Mas não será destruído.
A preservação vem por causa da confiança. O texto termina dizendo: “porquanto confiaste em mim.” A razão do livramento não foi mérito humano. Foi fé. Ebede-Meleque confiou no Senhor, e essa confiança foi a base da promessa.
Não é nosso esforço que nos preserva. Não é nossa bondade que nos salva. É a nossa fé no Deus que é poderoso para guardar.
Para a nossa vida: Que espadas estão ameaçando você hoje? Que destruição parece iminente? A promessa de Deus permanece: quem confia nele não será destruído. Você pode passar pelo vale, mas não ficará lá.
“Porque que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” — Marcos 8:36
A terceira promessa é a mais extraordinária: “Tua alma terás por despojo.”
Despojo era o prêmio da guerra. Quando um exército vencia uma batalha, os soldados tinham direito de tomar os bens dos inimigos derrotados. Ouro, prata, gado, terras — tudo isso era despojo. Era a recompensa pelo esforço, pelo risco, pela vitória.
Deus está dizendo a Ebede-Meleque: “Seu despojo será sua própria alma.”
A alma é o maior tesouro. Na guerra que viria sobre Jerusalém, muitos perderiam tudo. Casas, terras, riquezas, famílias. E muitos perderiam a própria vida.
Ebede-Meleque talvez perdesse bens materiais também. Talvez sua casa fosse destruída. Talvez suas posses fossem saqueadas. Mas ele teria algo que nenhum exército poderia tirar: sua alma.
Jesus fez a pergunta que ecoa através dos séculos: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” De que adianta acumular riquezas se no final você perde o que realmente importa?
A vida preservada é um presente de Deus. A expressão “terás por despojo” sugere que a alma estava em risco, estava quase perdida, mas foi resgatada. Como um prisioneiro de guerra que é libertado. Como um refém que é devolvido à família.
Todos nós estávamos com a alma empenhada. O pecado nos havia vendido à morte. Mas Deus, em sua misericórdia, resgatou nossa alma. Jesus pagou o preço. E agora temos nossa alma de volta — como despojo, como prêmio, como presente.
A recompensa vem pela fé. “Porquanto confiaste em mim” — essa é a chave de tudo. Ebede-Meleque não era perfeito. Não era israelita. Não guardava todos os rituais da lei. Mas ele confiou no Senhor. E essa fé foi suficiente.
Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado como justiça. O carcereiro de Filipos creu no Senhor Jesus e foi salvo, ele e sua casa. A mulher pecadora tocou Jesus com fé e foi curada. A fé é o caminho para receber as promessas de Deus.
Para a nossa vida: O que vale mais para você — as coisas deste mundo ou a sua alma? No final, quando tudo passar, o que vai restar? Jesus oferece a você o maior despojo possível: a salvação da sua alma. Você só precisa confiar nele.
“Confiai no SENHOR perpetuamente, porque o SENHOR Deus é uma rocha eterna.” — Isaías 26:4
A última frase do versículo explica tudo: “porquanto confiaste em mim.”
Ebede-Meleque fez uma coisa que parecia pequena, mas revelou algo grande: ele confiava no Deus de Israel.
A fé verdadeira produz ação. Ebede-Meleque não apenas disse que acreditava em Deus. Ele agiu. Arriscou sua posição no palácio. Confrontou o rei. Defendeu um profeta impopular. Sua fé teve pés e mãos.
Tiago escreveu: “A fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tiago 2:17). Ebede-Meleque tinha fé viva — fé que se manifestava em ação.
A fé verdadeira enfrenta o medo. O texto diz que Ebede-Meleque seria livrado “das mãos dos homens, cujo rosto temes” (Jeremias 39:17). Ele tinha medo. Sabia que estava se arriscando. Os príncipes que jogaram Jeremias na cisterna poderiam fazer o mesmo com ele.
Mas ele agiu apesar do medo. Isso é coragem. Não é ausência de medo — é agir mesmo com medo, porque a confiança em Deus é maior.
A fé verdadeira vê além do presente. Jerusalém estava cercada. A destruição era certa. Tudo parecia perdido. Mas Ebede-Meleque confiou que o Deus de Jeremias era real e poderoso.
Ele não podia ver o futuro. Não sabia exatamente como seria protegido. Mas confiou. E Deus honrou essa confiança.
Para a nossa vida: Em que você está confiando hoje? Nas suas próprias forças? Nos seus recursos? Nas pessoas ao seu redor? Ou no Senhor? A base de todas as promessas de Deus é a fé. Quem confia nele não será envergonhado.
“Bendito o homem que confia no SENHOR, e cuja esperança é o SENHOR.” — Jeremias 17:7
A história de Ebede-Meleque é uma das mais belas da Bíblia, embora seja pouco conhecida. Um estrangeiro. Um eunuco. Um servo sem status. Mas um homem de fé.
Ele fez o que era certo quando ninguém mais teve coragem. Defendeu o profeta de Deus quando todos o abandonaram. Arriscou sua posição e possivelmente sua vida para salvar um homem atolado na lama.
E Deus viu. E Deus recompensou.
Três promessas para quem confia no Senhor:
“Te livrarei” — Deus protege os seus. Pode haver perigo ao redor, mas quem está nas mãos de Deus está seguro.
“Não cairás à espada” — Deus preserva os seus. O juízo pode cair sobre a nação, mas o fiel é guardado.
“Tua alma terás por despojo” — Deus recompensa os seus. No final, o que importa é a alma salva. E essa é a maior vitória possível.
Talvez você esteja enfrentando uma situação difícil hoje. Talvez pareça que fazer o certo não vale a pena. Talvez você tenha medo das consequências de se posicionar pela verdade.
Lembre-se de Ebede-Meleque. Deus vê. Deus se lembra. Deus recompensa.
E talvez você ainda não tenha entregado sua vida a Jesus. Talvez sua alma ainda esteja em risco. A promessa de Deus é clara: quem confia nele será salvo.
Confie no Senhor. E sua alma será seu despojo.